Você já entrou em um prédio e notou um extintor pendurado na parede, mas não fazia ideia de qual era sua função específica? Embora todo mundo saiba que esses equipamentos servem para apagar fogo, poucos realmente entendem que existem vários tipos de extintores de incêndio, cada um adequado para uma situação diferente.
Saber identificar qual modelo utilizar pode ser a diferença entre conter um princípio de incêndio ou agravar ainda mais a situação. Isso vale para casas, empresas, veículos, escolas, galpões, prédios comerciais e qualquer ambiente que precise seguir regras de segurança contra incêndio. Mas será que você realmente sabe qual é o extintor certo para o seu caso?
A seguir, vamos explicar com detalhes cada tipo de extintor, para que serve, onde deve ser usado e o que acontece se ele for utilizado de forma incorreta. Tudo isso em uma linguagem direta, acessível, sem enrolação e com base em normas técnicas do Corpo de Bombeiros e recomendações do Inmetro.
Entendendo os princípios básicos dos extintores

Antes de mergulhar nos tipos, é essencial entender como esses equipamentos funcionam. O extintor de incêndio é um dispositivo de segurança que armazena um agente extintor sob pressão. Esse agente é liberado para abafar, resfriar ou interromper a reação química do fogo.
O fogo, por sua vez, se sustenta com três elementos: calor, combustível e oxigênio. Isso é chamado de triângulo do fogo. O papel do extintor é eliminar ao menos um desses elementos para extinguir o incêndio.
Cada extintor é classificado conforme o tipo de agente extintor que utiliza e o tipo de material combustível que ele combate.
Classificação dos incêndios
Uma parte que confunde muita gente é a classificação dos incêndios em classes. Essa divisão é fundamental para saber qual extintor usar:
- Classe A: incêndios em materiais sólidos, como madeira, papel, tecido e borracha.
- Classe B: combustíveis líquidos inflamáveis, como gasolina, álcool, óleo.
- Classe C: equipamentos elétricos energizados, como computadores, painéis, motores.
- Classe D: metais combustíveis, como magnésio, sódio, titânio.
- Classe K: óleos e gorduras em cozinhas industriais.
Agora que você já entendeu essa parte teórica, vamos conhecer os extintores mais comuns e suas aplicações reais.
Extintor de Água Pressurizada

O extintor de água é o mais conhecido visualmente. Ele tem corpo vermelho com faixa branca. Seu agente extintor é simplesmente água, sob pressão.
Indicação de uso
- Ideal para incêndios de Classe A.
- Não deve ser usado em líquidos inflamáveis ou aparelhos elétricos.
Como age
A água atua resfriando o fogo, tirando o calor da combustão.
Riscos
Jamais use esse extintor em equipamentos elétricos, pois a água é condutora de eletricidade e pode causar choque.
Extintor de Pó Químico Seco (PQS)
Um dos mais versáteis e usados atualmente. Possui corpo vermelho com faixa azul. Seu agente extintor é um pó químico à base de bicarbonato de sódio, potássio ou monoamônio.
Indicação de uso
- Incêndios Classe A, B e C.
- É o extintor mais comum em carros, comércios, residências e prédios.
Como age
Interrompe a reação química da combustão e abafa o fogo.
Vantagens
- Não conduz eletricidade.
- Funciona bem na maioria dos tipos de incêndio.
Desvantagens
- O pó deixa muita sujeira.
- Pode danificar equipamentos eletrônicos delicados.

Extintor de Gás Carbônico (CO₂)
Esse é o extintor com corpo metálico, sem pintura vermelha, e com bico difusor tipo trombeta. Sua faixa de identificação é preta.
Indicação de uso
- Ideal para Classe B e C.
- Muito usado em escritórios, CPDs e cozinhas.
Como age
O CO₂ é um gás que retira o oxigênio do ambiente ao redor do fogo e ainda ajuda a resfriar.
Benefícios
- Não danifica aparelhos eletrônicos, pois não deixa resíduos.
- É seguro para uso em ambientes fechados por curtos períodos.
Cuidados
- Nunca encoste o bico com a mão durante o uso. O gás sai a -78°C e pode causar queimaduras por congelamento.
Extintor de Espuma Mecânica
Possui corpo vermelho com faixa creme ou amarela clara. O agente extintor é uma mistura de água e espumante.
Indicação de uso
- Incêndios de Classe A e B.
- Muito usado em postos de combustíveis e indústrias químicas.
Como funciona
Forma uma camada espumosa que abafa o fogo e evita que vapores inflamáveis escapem.
Pontos de atenção
- Não usar em aparelhos energizados.
- Pode ser corrosivo em certos materiais.
Extintor Classe D (Metais Pirofóricos)
É um tipo específico para combater incêndios com metais combustíveis, como magnésio e lítio. Não é comum em ambientes residenciais, apenas em fábricas especializadas.
Características
- Usa pós especiais, como cloreto de sódio.
- Age por abafamento e isolamento térmico.
Cuidados
- São caros e pouco encontrados.
- Utilização deve ser feita por profissional treinado.
Extintor Classe K (Cozinhas Industriais)
Criado para atender cozinhas profissionais, onde há risco com óleos e gorduras aquecidas. Possui faixa amarela ou verde-limão.
Funcionamento
- Contém acetato de potássio que forma uma espuma saponificadora, isolando o oxigênio e resfriando a gordura.
Aplicações
- Restaurantes, food trucks, lanchonetes e padarias.
Atenção
Não substitui a necessidade de coifas e exaustores adequados.
Como saber qual extintor devo usar?

Essa dúvida é mais comum do que parece, mas pode ser resolvida com algumas observações simples:
- Ambientes com computadores ou painéis elétricos: CO₂ ou PQS.
- Locais com grande quantidade de madeira ou papel: Água ou PQS.
- Cozinhas industriais: Classe K.
- Postos de gasolina ou galpões com solventes: Espuma ou PQS.
Sempre leia o rótulo do extintor. Ele informa as classes que aquele modelo é capaz de combater.
Posso ter apenas um tipo de extintor em casa ou no comércio?
Não é recomendável contar com um único tipo, principalmente se o local tem diferentes tipos de riscos. Um escritório pode combinar PQS e CO₂, por exemplo.
Já um mercadinho pequeno pode ter apenas um extintor de pó químico seco com carga suficiente e revisão atualizada.
A legislação brasileira, como a NBR 12693 e as normas do Corpo de Bombeiros, indicam a quantidade mínima e o tipo ideal por ambiente.
Dicas para manutenção e uso correto dos extintores
Ter um extintor não basta. É preciso que ele esteja em boas condições e com a recarga em dia. Veja algumas dicas essenciais:
- Verifique mensalmente se o manômetro está na faixa verde (no caso dos extintores com pressão).
- Confira se o lacre está intacto.
- Faça a recarga a cada 12 meses ou após o uso, mesmo que parcial.
- Instale o extintor em local visível, desobstruído e com sinalização.
- Treine os funcionários para uso em caso de emergência.
O que acontece se eu usar o extintor errado?
Usar um extintor inadequado pode ter consequências graves:
- Jogar água em fogo elétrico pode gerar curto-circuito e choque.
- Utilizar PQS em cozinha pode espalhar o óleo e aumentar as chamas.
- Usar CO₂ em local muito pequeno sem ventilação pode causar sufocamento.
Conhecimento evita acidentes. Escolher o extintor certo é tão importante quanto saber onde ele está.
Preço médio dos extintores de incêndio
Os valores variam conforme o tipo, capacidade e fabricante. Uma média de preços atualizada pode ajudar na hora de decidir qual comprar:
- PQS 4kg: R$ 90 a R$ 130
- CO₂ 6kg: R$ 280 a R$ 350
- Água 10L: R$ 100 a R$ 150
- Espuma: R$ 200 a R$ 300
- Classe K: R$ 350 a R$ 500
Lembrando que também há custo de recarga, instalação e suporte de parede, que não devem ser ignorados.
Onde comprar extintores confiáveis?
É importante procurar lojas de extintores por perto que sejam credenciadas pelo Inmetro. Evite produtos de procedência duvidosa, pois há risco de o extintor não funcionar corretamente.
Empresas de segurança do trabalho, distribuidores autorizados e lojas especializadas em EPI geralmente são boas opções.
Ter o extintor certo no lugar certo é um cuidado que protege vidas e evita prejuízos. Em caso de dúvida, consulte um técnico em segurança ou peça vistoria ao Corpo de Bombeiros local.